“Estados Unidos e países europeus são patrocinadores do terrorismo”, diz Sheik Rodrigo Rodrigues

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2015 14h26

Religioso esteve nos estúdios do programa Pânico nesta quinta-feira (19)

Bruna Piva / Jovem Pan Sheik Rodrigo Rodrigues

Rodrigo Rodrigues não nasceu em nenhum país muçulmano, mas o brasileiro acabou se convertendo ao islamismo ainda na adolescência e hoje se dedica a esclarecer as dúvidas que surgem sobre a religião.

“Eu tinha uns 15 anos quando me converti. Tinha começado a Guerra do Golfo, em 1991, e quando eu ia à escola perguntava para a professora e ela me falava para estudar. Então passei a ler muitos livros sobre a cultura árabe, li o alcorão e me identifiquei. Fé é uma questão de convicção e nisto não se toca”, contou em entrevista ao Pânico nesta quinta-feira (19).

O gaúcho, natural de Porto Alegre, se apaixonou de tal forma pelo islamismo que acabou se tornando um “Sheik”, conceito ainda confuso para quem não segue os preceitos da religião.

“É uma palavra em árabe, que significa ancião, mais velho, que identifica o porta voz daquela tribo ou comunidade. No sentido religioso, é a pessoa que estudou a religião. Ele administra e guia as orações, ensina as pessoas a religião muçulmana, o alcorão, é uma espécie de sacerdote”, explicou.

Após morar em diversos países árabes, hoje Rodrigo tem atuado na busca de disseminar o preconceito, que ele considera acontecer muito em função da falta de informação.

“Tem um estigma que vem sendo criado e, não é de hoje, por interesses políticos e econômicos. Existem diferenças de culto que são mais culturais, regionais, do que religiosas, porque a forma como o povo segue a religião é ditada pelos valores culturais. Então as pessoas exploram essas diferenças teológicas para criar conflitos, mas a mensagem central da religião muçulmana é a mesma de todos, adorar a Deus”, defendeu.

Terrorismo

Após novos atentados sofridos pela França, na última semana, o assunto entrou novamente em pauta, até por conta dos terroristas se dizerem “em nome de Deus”.

“Cada texto tem seu contexto, existem alguns versículos que foram criados em guerra, o que é outra situação. O problema é a pessoa tirar isso e usar em outro contexto. Inclusive, no alcorão tem uma passagem que diz assim: ‘se as pessoas se inclinarem para a paz, escolha a paz’, mas tem pessoas que escolhem este circo todo. Loucos e fanáticos, que querem enxergar dessa forma”.

No entanto, o religioso é muito crítico quanto a postura das grandes potências, que se curvam diante dos problemas e não parecem ter interesse em, de fato, resolvê-los.

“Existe um Estado Islâmico (ISIS), existe, um sistema, mas o que a gente vê lá não é nem um Estado e nem o Islamismo. Eles conseguem ocupar as regiões porque tem muitas armas, muito material bélico e de onde vem tudo isso? França, Inglaterra, Estados Unidos e Rússia são os verdadeiros patrocinadores e ganhadores com o terrorismo. Terrorismo só acontece quando ataca os interesses destes países, quando vem deles, é chamado de ‘proteção’. O inimigo é o mesmo. O que é que está por trás destes atentados? Tem vários interesses aí, tem muita coisa que nós só vamos descobrir daqui uns 4 ou 5 anos. Eu creio que coisa boa nós não vamos ver tão cedo”, completou.

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